Nesta quinta-feira, 16 de janeiro de 2025, foi sancionada a nova regulamentação da reforma tributária, que trouxe importantes mudanças para os fundos de investimento. O governo decidiu vetar a isenção tributária para fundos de investimento patrimoniais e aqueles que operam com bens imóveis.
A decisão exclui os fundos imobiliários das exceções relacionadas à Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), dois novos tributos que entrarão em vigor com a reforma.
De acordo com o secretário da Receita Federal, a orientação para o veto foi baseada na Emenda Constitucional 132, que determina quais entidades podem usufruir de benefícios fiscais ou isenções tributárias. Embora alguns setores tenham conseguido manter a isenção, os fundos imobiliários, que representam uma parcela significativa do mercado de investimentos no Brasil, foram deliberadamente excluídos dessa lista privilegiada.
Impactos diretos no mercado de FIIs
A exclusão dos fundos imobiliários da isenção tributária terá consequências relevantes para os investidores e para o mercado como um todo. Embora os dividendos distribuídos pelos FIIs não sejam diretamente taxados, os aluguéis recebidos pelos fundos passarão a sofrer uma incidência tributária de aproximadamente 7,95%, com base em cálculos preliminares.
Essa nova carga tributária será aplicada diretamente sobre a receita obtida pelos fundos com locadores, impactando negativamente os rendimentos dos investidores.
Essa mudança pode gerar uma redução nos dividendos distribuídos, mesmo que indiretamente. Afinal, com menos receita líquida disponível, os fundos precisarão ajustar suas distribuições aos cotistas. Em termos práticos, os investidores que hoje contam com uma rentabilidade atrativa e isenta de impostos para complementar suas rendas poderão perceber um retorno reduzido.
O impacto no mercado pode ir além dos retornos individuais. A medida pode diminuir o apelo dos FIIs como uma classe de ativos, afastando investidores e reduzindo a liquidez do setor. Uma menor demanda por cotas de FIIs também pode pressionar os preços, resultando em desvalorização patrimonial para os cotistas.
A busca incessante do governo por novas fontes de receita
Essa decisão é mais um exemplo da necessidade constante dos governos de aumentar a arrecadação por meio de novos impostos e taxas. Em um país já conhecido por sua alta carga tributária, é inevitável questionar a eficiência e a razoabilidade de medidas como essa.
A inclusão dos fundos imobiliários na base de tributação reflete uma estratégia para aumentar a arrecadação às custas de setores que contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico e a geração de empregos.
A reforma tributária deveria simplificar e modernizar o sistema, mas preocupa ao priorizar o aumento da carga tributária sem considerar as consequências para o mercado e para os investidores individuais. Essa dinâmica reforça a percepção de que o governo busca, de forma sistemática, novas fontes de receita em vez de melhorar a gestão dos recursos já disponíveis.
O desequilíbrio entre arrecadação e gastos
Mesmo com uma das maiores cargas tributárias do mundo, a conta do governo brasileiro nunca fecha. A arrecadação continua a crescer, mas os gastos avançam em ritmo ainda mais acelerado.
A prática de recorrer a medidas como a ampliação de tributação é um sintoma de um problema estrutural mais profundo: a incapacidade de equilibrar receitas e despesas.
Parte desse desequilíbrio decorre da falta de eficiência no uso dos recursos públicos. Grandes somas são consumidas por programas ineficientes, pela má gestão e por um sistema burocrático que consome muito mais do que entrega. Enquanto isso, a população e os investidores são convocados a pagar a conta, muitas vezes sacrificando seus planos de longo prazo e sua segurança financeira.
Ainda há esperança: o veto pode ser revertido
Apesar da sanção presidencial, ainda existe a possibilidade de que o veto seja derrubado pela Câmara ou pelo Senado. O processo legislativo permite que o Congresso Nacional revise os vetos presidenciais, e, caso os parlamentares entendam que a decisão prejudica significativamente o mercado e os investidores, há chance de reverter essa situação.
Ainda assim, isso dependerá da mobilização do setor, das associações de investidores e da pressão pública para sensibilizar os legisladores sobre os impactos negativos da tributação.
A participação ativa dos investidores, gestores e demais interessados será fundamental nesse momento. A articulação política e o debate público podem desempenhar um papel crucial para evitar que a tributação cause danos irreversíveis ao mercado de fundos imobiliários.
O que esperar daqui para frente?
A tributação de aluguéis recebidos pelos fundos imobiliários deve provocar mudanças significativas no comportamento do mercado. Para os investidores, o momento exige revisão de estratégias e planejamento financeiro, considerando o impacto das novas regras nos retornos esperados.
Além disso, é fundamental que os gestores dos FIIs avaliem alternativas para mitigar os efeitos da nova carga tributária, como renegociação de contratos de aluguel ou reaçuste de custos operacionais.
O mercado de fundos imobiliários no Brasil é robusto e resiliente, mas não está imune a mudanças abruptas no ambiente regulatório. Caso os investidores percam confiança nesse setor, as consequências podem ser amplas, atingindo desde pequenos investidores até grandes empresas que dependem de investimentos imobiliários para expandir seus negócios.
Para o governo, a medida representa um aumento de arrecadação de médio prazo, mas o impacto de longo prazo pode ser mais complexo. Com a possibilidade de retração do setor imobiliário, a arrecadação com outros impostos e a geração de empregos no segmento também podem ser afetadas.
Conclusão
A tributação dos fundos imobiliários é uma mudança significativa no mercado financeiro brasileiro, que exige cautela e adaptação por parte dos investidores e gestores. Em um ambiente de constantes mudanças regulatórias, a busca por informações precisas e a revisão de estratégias são essenciais para minimizar os impactos e encontrar novas oportunidades no mercado.
Ainda que o governo tenha suas razões para aumentar a arrecadação, é essencial que essas medidas sejam acompanhadas de uma gestão mais eficiente e responsável dos recursos públicos, garantindo que o peso da carga tributária não inviabilize o desenvolvimento econômico e a prosperidade dos investidores brasileiros.