O fundo imobiliário PORD11, voltado para investimentos em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e outros ativos de renda fixa, encerrou 2024 com uma performance que chamou a atenção de seus investidores.
O fundo distribuiu R$ 0,089 por cota referente à competência de dezembro, totalizando uma distribuição de R$ 1,097 por cota nos últimos 12 meses. Esse desempenho representa um dividend yield de 13,97% ao ano, considerando a cotação de mercado de R$ 7,85, ou IPCA + 8,80% (IPCA + 11,15% com o Gross Up de IR), destacando-se como uma opção relevante no segmento.
Cenário macroeconômico desafiador
O contexto econômico de dezembro de 2024 trouxe desafios tanto no cenário doméstico quanto no internacional. Nos Estados Unidos, a robustez do mercado de trabalho e a criação expressiva de vagas reforçaram a percepção de uma atividade econômica aquecida.
Apesar de o Federal Reserve ter iniciado um ciclo de afrouxamento monetário, as expectativas para 2025 indicam um cenário limitado para cortes adicionais nas taxas de juros, elevando a volatilidade nos mercados globais.
No Brasil, o cenário foi marcado por incertezas fiscais, aumento das expectativas de inflação e consequente alta nas taxas de juros soberanas, tanto nominais quanto reais. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro apresentou variação de +0,52% no mês, encerrando o ano em +4,83%, acima do teto da meta de +4,50%.
Essa aceleração trouxe reflexos adversos, especialmente nos núcleos de inflação, com destaque para o segmento de serviços, que historicamente apresenta maior persistência inflacionária.
Estratégias do fundo para navegar em um mercado desafiador
Diante desse cenário, o PORD11 manteve uma estratégia assertiva ao posicionar uma parte significativa de seus recursos em caixa, acima da média histórica. Essa decisão buscou mitigar riscos, considerando a deterioração do cenário macroeconômico e o impacto nos retornos das operações em pipeline.
A gestão do fundo destacou que o nível de caixa será reduzido gradualmente, priorizando operações de originação própria em segmentos mais resilientes.
Entre as movimentações recentes, o fundo liquidou um CRI Prosoluto no valor de R$ 8,8 milhões, com risco pulverizado e taxa de CDI + 2,70%. Além disso, a terceira tranche do CRI Cetil Park, no montante de R$ 3,6 milhões, será concluída em janeiro de 2025. Essas operações buscam alinhar a carteira do fundo a ativos de menor risco e maior previsibilidade de retorno.
Desempenho e resultados
O demonstrativo de resultados do PORD11 revelou números sólidos. A receita proveniente de CRIs (juros) totalizou R$ 35,39 milhões em 2024, enquanto ganhos realizados em fundos imobiliários alcançaram R$ 4,56 milhões no mesmo período. As receitas financeiras adicionaram mais R$ 6,28 milhões ao resultado consolidado. No entanto, o fundo também enfrentou despesas administrativas na casa de R$ 6,53 milhões, resultando em um lucro líquido total de R$ 40,63 milhões ao longo do ano.
Nos últimos 12 meses, o rendimento distribuído totalizou R$ 40,9 milhões, com um valor acumulado por cota de R$ 1,097. O fundo ainda apresenta um saldo acumulado de R$ 0,033 por cota de inflação não distribuída, que poderá ser aproveitado em distribuições futuras, dependendo das condições do mercado e do desempenho dos ativos.
O mercado imobiliário e o desempenho do IFIX
O mercado de fundos imobiliários continuou enfrentando um período de aversão ao risco, refletido na desvalorização de 0,67% no IFIX em dezembro. Este foi o quarto mês consecutivo de queda no índice, refletindo o impacto do aumento dos juros e da deterioração fiscal no Brasil. Apesar disso, o PORD11 conseguiu se destacar pela estabilidade de suas distribuições, reforçando a confiança de seus cotistas.
Considerações finais
O PORD11 demonstra resiliência em um ambiente econômico desafiador, equilibrando estratégias de preservação de caixa e originação de ativos com menor risco. O fundo segue como uma alternativa de estudo para investidores que buscam renda passiva consistente, mesmo em períodos de volatilidade no mercado.
Com uma base sólida, o fundo distribuiu um rendimento robusto nos últimos 12 meses e continua atento às oportunidades no mercado de crédito. Ainda assim, a gestão mantém uma postura cautelosa diante das incertezas econômicas previstas para 2025, buscando proteger o patrimônio dos cotistas enquanto entrega resultados acima da média do mercado.