O fundo KNHF11, o Kinea Hedge Fund – veículo de investimentos gerido pela gigante Kinea, braço do Itaú – divulgou seu relatório gerencial referente ao mês de março com dados relevantes sobre sua performance, composição de portfólio e movimentações estratégicas. O fundo, conhecido por sua atuação híbrida e flexível, tem demonstrado resultados acima da média do mercado, com destaque para seu desempenho em cotas de FIIs e aquisições de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) robustos.
Rentabilidade supera o IFIX em 2025
Em março, o KNHF11 registrou retorno ponderado de 6,86% em suas posições em FIIs, superando os 6,14% do IFIX. No acumulado de 2025, o fundo entregou retorno de 7,05%, também superior aos 6,32% do índice de referência. Com uma carteira de R$ 232,8 milhões em FIIs, equivalentes a 12,2% do seu patrimônio líquido, o KNHF continua demonstrando sua capacidade de gerar alfa frente ao mercado.
Alocação diversificada e gestão ativa
Ao fim de março, a composição da carteira do KNHF11 era a seguinte:
- CRI: 61,3%
- Cotas de FII: 12,2%
- Imóveis: 29,4%
- Ações: 0,9%
- LCI: 3,0%
- Instrumentos de caixa: 13,0%
Vale destacar que parte dos recursos em LCI e caixa está comprometida com parcelas futuras das aquisições de imóveis, como os edifícios São Luiz, HLFL e o Shopping Uberaba, somando provisões de R$ 83 milhões (4,3% do PL).
Em março, o fundo vendeu R$ 7,1 milhões em FIIs de segmentos como escritórios, logística e híbrido, e direcionou R$ 3,1 milhões para novas compras de CRIs e FIIs dos segmentos logístico e residencial. A gestora afirma que a redução das posições em “tijolo” deve continuar, porém em ritmo mais gradual nos próximos meses.
Novos investimentos em CRIs de peso: MRV e Grupo Buriti
O fundo investiu em duas operações relevantes de CRI:
- MRV Pro-soluto: R$ 30 milhões com taxa de CDI + 3,50%. A operação é garantida por uma carteira de créditos cedida pela MRV, com fundo de reserva e obrigação de recomposição, oferecendo segurança extra ao investidor.
- Buriti Loteamentos: R$ 24,9 milhões com taxa de CDI + 2,75%. Baseado em recebíveis de loteamentos do Grupo Buriti, a operação conta com garantias como alienação fiduciária de cotas, cessão fiduciária e aval corporativo.
Essas operações reforçam o foco do fundo em ativos com estrutura robusta e alto grau de proteção.
Fundos de tijolo e CRI seguem descontados no mercado
Mesmo com a recuperação dos FIIs em março, os fundos de tijolo ainda apresentam deságio médio de 22%, e os fundos de CRI, de 11%. Esses níveis estão entre os maiores da série histórica iniciada em 2017, o que indica que ainda há espaço para valorização, especialmente se as taxas de juros prefixadas recuarem.
Segundo o relatório, há correlação direta entre os deságios e o patamar elevado das taxas de juros de longo prazo. A queda dessas taxas tende a impulsionar o valor de mercado dos ativos imobiliários.
Tributação de FIIs: risco foi reduzido
O KNHF11 também comentou sobre o risco de tributação de FIIs, que havia sido acentuado com o veto presidencial a um trecho da Reforma Tributária. No entanto, a apresentação de uma minuta de projeto de lei que busca manter a isenção para operações dos FIIs e Fiagros trouxe alívio ao setor.
A proposta inclui isenção de IBS e CBS sobre operações como locação, cessão, dividendos e rendimentos financeiros. Ainda que o fundo veja esse avanço como positivo, considera que a derrubada do veto seria uma solução mais completa, por garantir isenção para todas as atividades dos fundos, sem margem para interpretações dúbias.
Resultados seguem em alta e refletem cenário macroeconômico
Os resultados mensais do fundo vêm numa trajetória ascendente:
- Janeiro: R$ 16,6 milhões
- Fevereiro: R$ 18,3 milhões
- Março: R$ 19 milhões
Os CRIs atrelados à inflação refletiram variações do IPCA de dezembro (0,52%) e janeiro (0,16%), enquanto os CRIs pós-fixados se beneficiaram da taxa Selic elevada, que alcançou 14,25% após nova alta de 1 ponto percentual na reunião do Copom de março.
A gestora reforça que a carteira permanece saudável, sem eventos negativos de crédito, mesmo em um ambiente de incertezas fiscais, inflação pressionada e câmbio volátil.