Alguns fundos de fundos (FOFs) estão chamando atenção dos investidores por negociarem com descontos significativos em relação ao valor patrimonial (P/VP abaixo de 0,90). Mas será que isso representa uma oportunidade ou um risco adicional? Neste artigo, você vai conhecer melhor cinco FOFs que aparecem nessa situação: RBRF11, XPSF11, HFOF11, KISU11 e RVBI11.
Apesar de cada fundo ter seus próprios desafios e estratégias, é importante destacar que todo o mercado de fundos imobiliários se encontra descontado, e isso está diretamente ligado ao cenário macroeconômico atual. A Taxa Selic continua elevada e, segundo projeções mais recentes, pode chegar a até 15% no final de 2025, caso as expectativas de inflação persistam. Esse cenário pressiona os juros futuros para cima — o que impacta negativamente a precificação dos fundos imobiliários. Como o rendimento dos FIIs é comparado com os títulos públicos, o aumento nos juros exige um prêmio maior para justificar o risco, o que faz as cotações dos FIIs derreterem, mesmo que os ativos em si continuem entregando renda.
1. RBRF11 – P/VP 0,78
O RBR Alpha Multiestratégia Real Estate (RBRF11) é um FOF gerido pela RBR Asset, uma das casas mais tradicionais do mercado imobiliário. O desempenho do fundo tem sido robusto, com uma carteira diversificada e alocações relevantes em FIIs, CRIs e caixa: atualmente são 80% em FIIs, 8% em CRIs e 12% em liquidez.
Um dos destaques da estratégia da gestora é o ativismo em posições específicas, como no caso do HGPO11. A RBR tem atuado de forma ativa nesse fundo e, segundo projeções, só essa movimentação pode destravar valor equivalente a até 5 meses de rendimentos do próprio RBRF11 — um dado que chama atenção até entre os analistas mais céticos.
O desconto de 22% no P/VP pode ser um reflexo da baixa procura por FOFs de forma geral, mas não necessariamente representa deterioração na qualidade da gestão ou da carteira.
2. XPSF11 – P/VP 0,82
O XP Selection FII (XPSF11) segue uma linha mais conservadora de alocação em outros fundos, buscando diversificação e consistência nos rendimentos. A carteira costuma contar com ativos de maior liquidez, o que contribui para uma gestão mais defensiva.
Atualmente negociado com 18% de desconto em relação ao valor patrimonial, o fundo ainda sofre com o desinteresse do mercado por FOFs, mesmo apresentando uma performance relativamente estável. A presença da XP na gestão traz um selo de credibilidade, mas o fundo ainda precisa provar sua capacidade de geração de valor em ciclos mais desafiadores.
3. HFOF11 – P/VP 0,84
O Hedge Top FOFII (HFOF11) é um dos maiores FOFs do mercado e é gerido pela Hedge Investments — casa formada por ex-gestores do Credit Suisse. A gestora tem se destacado por aproveitar movimentos de curto prazo para gerar valor ao cotista, o que garante ao fundo um histórico consistente de resultados.
No entanto, um ponto de atenção é a presença significativa de fundos da própria gestora dentro da carteira, o que pode levantar discussões sobre conflito de interesses. Apesar disso, esse fator isolado não é suficiente para invalidar o fundo como opção de investimento, e cada investidor deve ponderar esse aspecto dentro de sua própria estratégia.
Negociado com um desconto de 16%, o HFOF11 continua sendo um dos nomes mais acompanhados entre os FOFs, tanto pela liquidez quanto pela abordagem ativa da gestão.
4. KISU11 – P/VP 0,86
O Kinea Select FII (KISU11) é um FOF que reflete a estratégia da Kinea em montar carteiras bem diversificadas com foco em qualidade. A gestora, reconhecida por sua atuação em diversos segmentos, aplica sua expertise também nos FOFs.
O fundo está com um desconto de 14% em relação ao seu valor patrimonial, o que pode despertar o interesse de investidores que confiam na consistência da Kinea. Apesar de menos visado que outros fundos da casa, o KISU11 pode ganhar espaço em cenários de recuperação do mercado de FIIs.
5. RVBI11 – P/VP 0,86
O RVBI11, gerido pela Rio Bravo, é mais um FOF que vem sendo negociado com deságio relevante — 14% abaixo do valor patrimonial. O fundo busca exposição a diferentes segmentos imobiliários, com foco em ativos que entreguem renda mensal.
Embora a performance recente tenha sido afetada por movimentos pontuais no mercado, a gestão continua buscando oportunidades para compor uma carteira resiliente. Para o investidor que procura diversificação e está disposto a acompanhar uma recuperação mais lenta, o RVBI11 pode ter espaço na carteira.
Conclusão
O desconto no P/VP observado nesses FOFs pode ser um reflexo da aversão atual do mercado a esse tipo de estratégia, mas também pode esconder boas oportunidades de médio e longo prazo. RBRF11 e HFOF11, por exemplo, contam com gestoras experientes e estratégias mais sofisticadas, que vão além da simples diversificação passiva.
Antes de investir, é essencial analisar a qualidade da gestão, o nível de ativismo, a transparência na composição da carteira e, claro, a sua própria tolerância ao risco.